Era uma churrascaria de aeroporto de cidade pequena, daqueles cuja pista comporta no máximo um 737.
A carne estava ruim. Com muito custo descolei uma maminha que poderia considerar razoável. Comi, paguei e na saída cumprimentei um moleque, nos seus 5 ou 6 anos, fantasiado de Batman, que entrava com seu pai.
No saguão do aeroporto, enquanto esperava meu voo, comecei a sentir um leve tremor. O tremor foi aumentando, o barulho também. Logo todas as janelas do aeroporto sacudiam com o trovejar de uma enorme aeronave que se aproximava.
Enorme seria eufemismo. Um 737 ao lado dela parecia uma moto ao lado de um 737. Não haveria maneiras de uma aeronave daquele porte pousar neste aeroporto. Descobri que ela não veio pousar, mas abastecer. Meia dúzia de aviões acompanhavam os círculos no ar dados pelo colosso aéreo, como moscas ao redor de um cachorro. Um por vez, colavam no montro para abastecê-lo.
Durante duas horas o espaço aéreo do aeroporto ficou fechado enquanto o gigante alado era abastecido. Durante duas horas o barulho dos motores da enorme aeronave sacudiu as janelas do aeroporto. Durante duas horas fiquei olhando pra cima, admirando o balé aéreo.
Lembrei do Júlio. Acho que ele daria um rim pra estar lá admirando também.