Estávamos em alguma lugar do litoral. J. estava muito queimada de sol, morena mesmo. I. não estava queimada, rolava até uma inveja entre as irmãs. Saí quando a maré estava cheia, daquelas de invadir o calçadão. Não daquelas ondas violentas, só marolinhas de baía, típica de várias praias de Angra dos Reis.
Ao caminhar um pouco na rua já seca encontrei uma feira de objetos usados que os vendedores tentam passar como relíquias antigas de valor elevado. Estava observando alguns eletrônicos quando aparece o D.
— Bora lá no (…)? Tenho só que passar em casa antes.
Saio da feira, acompanhando-o. Quando ele sobe no prédio, fico na rua esperando. Encontro uma fita cassete dupla. Eu tinha esse CD duplo. Era Chico Buarque? A embalagem abria pros dois lados, cada um revelando uma fita, mas era difícil fechar.
— Larga isso aí, vambora, temos que chamar o Rafael — disse D. apressado ao sair.
— Sei lá quem é o Rafael, pensava eu enquanto o seguia.
Paramos em frente a um prédio onde D. começou a gritar:
— Rafael! Rafaeeeeeeel!
Tomara que seja no primeiro andar, pensei. E tomara que os vizinhos não reclamem, porque eu já estaria me preparando pra em jogar água lá de cima.
Rafael aparece na janela e faz sinal que vai descer. Achei parecido com o P. Quando Rafael chega, era mesmo o P. Nos envolvemos em um abraço demorado, felizes de nos encontrarmos após tanto tempo.
— Quando tu voltou? E que raio é isso de Rafael?
— Sei lá, cara, ele sempre me chamou assim. Voltei tem algumas semanas, não tava muito legal.
Continuamos a caminhar, seguindo conversando 2m atrás de D., que andava apressado. P. me contava que separou da mulher, estava preocupado com a situação por causa do filho (ou eram dois?), que não sabia se ficava por aqui ou se voltava por causa dos moleques… Eu fazia um comentário aqui ou ali, garantindo que tudo iria dar certo.
Tomara que dê mesmo tudo certo.