WordCamp São Paulo 2019

Este fim de semana fui a São Paulo participar do WordCamp São Paulo. Enquanto em outras ocasiões fui como palestrante, nesta fui como participante, mas levando uma companhia especial: meu filho Guilherme, de 8 anos, que participou do WordKids.

A organização estava mais uma vez de parabéns. Apesar de ter uma ou outra pequena questão levantada, pra nós, participantes, foi tudo perfeito. Foram 700 pessoas inscritas e palestras de alto nível na excelente infraestrutura da Uninove.

WordKids

A ideia do WordKids / WordCreche foi sensacional. Enquanto o WordCreche dá uma tranquilidade e segurança para os responsáveis que estão no evento, o WordKids mostra pra criança o que é que a gente faz, além de apresentar uma noção maior de computação do que os tablets e celulares aos quais estão acostumados. Guilherme adorou e saiu de lá com um site pronto.

Palestras

É sempre difícil escolher as palestras, pois há muita coisa interessante rolando ao mesmo tempo. Então algumas anotações e observações sobre o que assisti.

As vantagens e os desafios na implementação do Mobile First

Leandrinho Vieira levantou algumas questões e números sobre a implementação da mentalidade do mobile first no desenvolvimento de websites, como partir desde o início, na fase do design, pensando em dispositivos móveis primeiro. O autor lembra que quando chegam a prática e os prazos, nem sempre conseguimos implementar do jeito que gostaríamos.

Alguns números levantados mostram que enquanto no segmento B2C temos 20% de acesso em desktop contra 80% em dispositivos móveis, no segmento B2B esses números se invertem. O número de celulares no Brasil já é maior que a população brasileira, com 61% de penetração e 85% de usuários navegando em celulares ao menos uma vez ao dia.

Outra questão levantada foi a necessidade de aplicativos nativos para celulares, quando usamos com regularidade menos da metade dos aplicativos que temos instalados em nossos aparelhos. Um bom site responsivo em muitos casos é melhor porque será mais barato e terá maior engajamento.

WordPress no Back e React no Front: Aplicativos web renderizados no servidor

Elihu Mejia nos apresentou um caso onde usou bibliotecas JavaScript para consumir a API Rest do WordPress, mas mantendo a renderização das páginas no back end. Elihu é uma figura com seu sotaque espanhol. Conseguiu arrancar umas risadas da plateia, intencionalmente ou não.

No caso apresentado, Elihu montou um site para o cliente, uma organização de médicos, usando alguns plugins como WP Rest Controller, Advanced Custom Fields e ACF to Rest.

Apesar de usar algumas ferramentas que seriam pesadas quando carregadas no cliente, ele montava toda a renderização no servidor, contornando este problema. Ele não usou uma arquitetura de SPA (Single Page Application) e usou rotas dinâmicas pra pegar a URL e montar a query.

Consumir API Rest do WordPress no VueJS

Jakeliny Gracielly também falou sobre a API Rest do WP, mas usando VueJS.

Ela mostrou alguns exemplos de como construir um aplicativo simples com Vue para montar uma página puxando os posts através da API. No final havia um QRCode para acessar os dados e o código, que não consegui acessar, então aguardo a publicação dos slides.

Precificação para Negócios Digitais

Larissa Sielichoff apresentou uma palestra muito interessante sobre como devemos precificar nosso trabalho. Ela lembra que a cobrança ainda é muito ligada à ideia da unidade física e seu custo de produção. A Apple começou a mudar isso desvinculando as músicas dos álbuns, fazendo com que pudéssemos comprá-las individualmente. O Spotify vai ainda mais longe, oferecendo essas músicas através de uma assinatura.

Ela falou sobre as três estratégias de precificação, que são sobre o custo, através da análise da concorrência e através da entrega de valor, e seus prós e contras. O preço depende ainda da disposição do cliente em pagar (Willing to Pay, ou WTP). O cliente não busca um produto, mas uma solução para o seu problema.

Por fim ela mostrou como podemos fazer uma matriz de valor para analisar os recursos dos nossos produtos, separando-os por core features (onde o cliente tem baixa disposição a pagar mas que são muito relevantes), diferenciações (alta disposição em pagar e alta relevância), add-ons (alta disposição em pagar e baixa relevância, ao menos entre parte do público alvo) e outros recursos que têm baixa relevância e baixa disposição em pagar. É muito útil identificar os últimos para não gastarmos energia e trabalho desnecessariamente.

Pausa para o rango

Almoço e fui buscar o rebento e tentar arrancar dele, que normalmente é caladão, o que teve de legal no WordKids. Foi difícil, mas consegui saber que ele aprendeu um pouco sobre computadores e internet.

A importância de comunidades de tecnologia voltada para mulheres negras

Logo depois do almoço teve a palestra que mais gostei pelo desconforto causado. Thassia Lays de Lima apresentou os problemas enfrentados por negros em geral e mulheres negras em particular em uma sociedade onde o racismo é institucionalizado.

Thassia ainda explicou que entende e respeita a luta das mulheres brancas por igualdade de salário, mas a luta das negras é por conseguir o emprego em primeiro lugar sem a confundirem com a tia do café. Se a elas não é dado o espaço, elas devem conquistá-lo, por isso a importância das comunidades.

Outro ponto tocado foi a propaganda em algumas empresas que querem mostrar uma diversidade que é da boca pra fora porque, apesar da diversidade aparecer no outdoor, dentro da empresa é uma homogeneidade branca (e na maioria masculina).

Essa apropriação de questões ambientais e sociais sempre me lembra o título da música Peace Sells, but Who’s Buying?, do Megadeth. As empresas usam muito essas imagens para vender, mas nem elas próprias compram as ideias.

Foram apresentados alguns tristes dados de violência contra as mulheres negras, que continua crescendo, enquanto a violência contra a mulher branca diminui. Impossível não sentir o nó na garganta com a foto da pequena Ágatha.

Thassia ainda disse que sua palestra não era para mulheres negras, mas para os brancos entenderem o que os negros em geral e as negras em particular sofrem, e que a piadinha ou brincadeira racista não é engraçada e só serve para perpetuar o racismo. Confesso que ao entrar e notar a sala vazia pensei que a palestra talvez devesse ter sido agendada para uma sala menor. Saí achando que deveria ter sido no auditório principal.

Copywriter

Viviane Casanova apresentou seu framework para copywriting, mostrando um escopo de artigo criado usando este framework, chamado de HEDA. HEDA significa Headline, Emoção / dor, Desejo e Ação.

A Headline deve capturar o usuário usando as palavras-chave principais do artigo. Emoção / dor serve para evocar o sentimento do usuário em relação a seu problema. Desejo aplaca essa dor, pegando a emoção levantada na descrição do problema e levando o usuário à Ação.

Para pesquisas Viviane indica Google Suggest e comentários de livros relacionados na Amazon e comentários de Youtube. Na minha opinião devemos só ter cuidado com os comentários do Youtube porque são cancerosos.

Interessante e a palestrante fez parecer super fácil, ainda mais quando criou um headline na hora de acordo com o cliente de um rapaz da plateia.

Criando blocos Gutenberg com React

Eduardo Pittol dá uma introdução à criação de blocos para o Gutenberg usando React, mostrando onde buscar informações para montar seu ambiente de desenvolvimento e usar as funções e hooks do WP para criar os blocos. Apesar de superficial, já que o tempo não permitia ir a fundo, a palestra deu uma boa ideia a desenvolvedores acostumados com PHP sobre o funcionamento dos blocos do Gutenberg.

Como o design centrado no usuário pode fazer um site valer 4x mais?

David Arty é um showman e apesar de apresentar alguns pontos importantes sobre o design centrado no usuário, o forte da palestra é sua apresentação em si. No começo ele chama a plateia para ajudar com a energia para o Goku dar a Genki Dama e espantar a zica.

Outras observações

Como sempre, é bom encontrar conhecidos e fazer novos contatos. Não pude ir no WordCana este ano por estar com um dimenor que estava cansado e iria dormir cedo. Mesmo assim o figura queria ir porque achou que WordCana tinha a ver com caldo de cana e pastel. Culpa do WaPuu criado para esta edição.

A doação de livros para a Bienal da Quebrada também foi sensacional, com mais de 800 livros arrecadados. Minha contribuição foi menor do que a desejada porque era difícil levar muitos livros em um voo sem bagagem, mas foi bonito ver a mesa quase quebrando com o peso.

Enfim, saldo mais que positivo. Aguardo os slides e os vídeos das palestras que não pude assistir.