Já fui mais beatlemaníaco do que sou hoje, mas confesso que os Beatles tiveram um papel importante na minha formação e em meu interesse por música. Acho que eles foram os culpados por me contaminar pelo vírus do rock, e todos sabem que isso não tem cura.
Foi com os Beatles que a música passou de “ah, legal” para “putz, isso é muito maneiro!” Com isso veio o interesse em entender do que aquelas músicas maneiras estavam falando, buscar a letra, tentar traduzí-las, o que por sua vez foi fundamental para que eu aprendesse inglês bem.
Hoje meu filho Guilherme de 7 anos é fã dos Beatles. É engraçado ver ele escolhendo as músicas, pedindo para tocar no carro. Me pego pensando “acho que ele gosta mais daquela, quando era moleque eu gostava mais daquela outra.”
Resolvi então fazer um presentinho pra ele: um livreto de Help!, seu álbum predileto, com as letras e as traduções.
Peguei as letras, joguei no Google Translate e depois fui corrigindo. Não ficou um primor de tradução, busquei sempre a clareza mais do que outra coisa. Tentei tirar as referências mais óbvias às drogas (getting high, que eu saiba não tem outro significado) e ao mesmo tempo deixar tudo de maneira que ele entendesse. Aprendi algumas coisas também (jamais imaginei que riding so high fosse se achando no linguajar dos xóvens de hoje).
Estou sem máquinas Windows, virtuais ou reais, então compus o livro no software Scribus, um Indesign open source. Dos softwares gráficos livres achei o mais fácil de usar, pra quem já está viciado no pacote Adobe. Inkscape é muito Corel, quem vem de Illustrator tem mais dificuldade (pelo menos é minha impressão) e Gimp é… bem, Gimp. Tem tudo e nada a ver com o Photoshop.
Usei Fira Sans, uma fonte de licença livre desenvolvida pelo Erik Spiekermann para o Firefox OS da Mozilla, baseada na FF Meta. Não foi a intenção inicial usar só software livre, só foi acontecendo mesmo.
Imprimi em casa mesmo, papel sulfite com impressora a laser, e usei um barbante culinário da minha mãe para costurar a lombada canoa.
Achei o resultado bem razoável, para um designer não praticante. As fotos ficaram meio batata, mas fazer o quê.